Que tem dono de cachorro que trata a
"coisinha fofa da mamãe" como um filho, ninguém duvida. Agora, o mimo
chegou a um novo nível. Pelas calçadas das cidades, donos estão
circulando com seus totós dentro de... carrinhos de bebê. Lançado por
uma empresa de São Paulo, o Pet Car ganhou as ruas principalmente no Rio
de Janeiro, onde é mais popular. O carrinho chega a custar R$ 450. A
novidade conquistou anônimos e artistas como Xuxa, flagrada passeando
com seu yorkshire num desses bólidos. O carrinho lembra os produzidos
para bebês, mas é feito especialmente para filhotes de quatro patas.
Mais alto, para que o dono possa brincar com o docinho querido do papai,
tem também amortecedores para evitar balanços mais fortes que possam
enjoar o cãozinho. Ainda conta com uma almofadinha bem fofa para a
sonequinha. Porque ninguém é de ferro.
Lojas para produtos caninos nos
Estados Unidos e na Europa vendem dezenas de modelos de carrinhos. A
empresária Margareth Monteiro, que lançou o equipamento no Brasil, diz
que sofreu rejeição no início. “As pessoas pensavam que cachorro não
precisa de carrinho porque pode andar na coleira. Mas eles foram
compreendendo, porque hoje em dia cachorro não é mais bicho, é um membro
da família”, disse Margareth. Ela afirma que o veículo é ideal para
cães velhos, que se cansam facilmente ao caminhar (ainda não inventaram
bengalas para cachorros), com doenças motoras, dores na coluna,
problemas no coração, e filhotes que ainda não podem ir para o chão,
porque não tomaram todas as vacinas. “Claro que tem gente que compra por
mimo mesmo”, afirma.
Margareth
vendia roupas para animais e teve a ideia por causa de sua cachorrinha
poodle, que tem problemas cardíacos. Ela levava a cadelinha no colo a
todo lugar, mas aí era a dona que ficava cansada. “Cinco quilos no
braço, depois de meia hora, viram 20 quilos.” Ainda assim, Margareth
fazia um esforço por causa da retaliação da cadela: “Quando saía de casa
e não a levava, ela se vingava: fazia xixi no meu travesseiro”. Cinco
protótipos depois, nascia o carrinho. Hoje, a empresa deixou as
roupinhas e só trabalha com os veículos. Margareth patenteou a invenção
em 2003 e já exporta os produtos.
A
moda pegou depois que a apresentadora Ana Maria Braga apareceu com sua
cadela Belinha na TV usando um carrinho. A empresária Tatiana Pansini
adotou o carrinho para Jodie, uma fêmea de maltês. “No shopping é bom
porque ela não faz coisinha no lugar errado. E é um charme, né?”, diz. A
cadela até dorme dentro do carrinho, em casa. “Muita gente pensa que é
frescura, mas minha cadela Martini precisa do carrinho porque tem um
problema na bacia e não pode andar muito”, afirma a professora Sandra
Silveira, dona dos pugs Skol e Martini. Skol, que não é bobo, mesmo sem
problema algum também faz questão do carrinho.
Especialista em comportamento
canino, Claudia Pizzolato diz que o carrinho deve ser usado com
parcimônia e jamais substituir a caminhada. “O carrinho é útil para
donos idosos. Um cachorro saudável deve ir no chão. Mesmo cães com
dificuldade para andar devem ser estimulados. Para eles, é importante
cheirar, marcar território, ter contato direto com outros cães e fazer
exercício”, afirma. Claudia, também dona de uma loja de produtos para
animais, decidiu não vender o carrinho. “Existe uma tendência de
humanizar o cachorro. De tratá-lo como um bebê. Isso é péssimo para o
animal, porque ele vira um cachorro que não é cachorro e, ao mesmo
tempo, não é gente. Ele fica num limbo.”
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